A 5ª edição do Prêmio Culturas Populares do Ministério da Cultura trouxe boas notícias para os fazedores de cultura de Arcoverde, no sertão pernambucano. O Samba de Coco Irmãs Lopes e o Boi Diamante tiveram os seus projetos contemplados e agora poderão tirar os sonhos do papel e colocar nas ruas e nos palcos.
Através do seu perfil no Facebook, o Coco Irmãs Lopes comemorou: "É grande a nossa felicidade! Nós do Samba de Coco Irmãs Lopes e nossa Mestra Severina, somos gratos por termos sido contemplados em mais uma iniciativa organizada pelo Ministério da Cultura. Prêmio Culturas Populares - In Memorian de Leandro Gomes de Barros. E pode avisar que tem coco e boi de Arcoverde premiados!".
Boi Diamante também foi contemplado com o Prêmio Culturas Populares. (Foto: Amannda Oliveira). |
O prêmio - A 5ª edição do Prêmio Culturas Populares, promovido pela Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, vai premiar com R$ 10 mil 500 iniciativas de mestres, grupos/comunidades e instituições privadas que mantém vivo o patrimônio da cultura popular do país. O objetivo do Prêmio Leandro Gomes de Barros é estimular uma das nossas maiores riquezas, a cultura feita pelo povo do Brasil. O número de inscrições foi recorde, com 2.862 projetos concorrendo.
O que é Cultura Popular? - A Unesco define Cultura Popular como “o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural, fundadas na tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e que reconhecidamente respondem às expectativas da comunidade enquanto expressão de sua identidade cultural e social”.
Engloba folclore, cultura oral, cultura tradicional e cultura de massa. Entre manifestações da cultura popular brasileira já registradas – ou em processo de registro – como patrimônio imaterial pelo Iphan estão: Literatura de Cordel, Frevo, Bumba-meu-boi, Jongo, Fandango Caiçara, Tambor de Crioula, Congadas de Minas, Cocos do Nordeste e Marujada de São Benedito.
Arte de divulgação do prêmio tem desenho do homenageado Leandro Gomes de Barros. (Imagem: Reprodução/ Portal Ministério da Cultura). |
Do Teixeira vai para Pernambuco e fixa residência primeiramente em Jaboatão onde morou até 1906, depois em Vitória de Santo Antão e a partir de 1907 no Recife onde viveu de aluguel em vários endereços, imprimindo a maior parte de sua obra poética no próprio prelo ou em diversas tipografias. Vale a pena transcrever o aviso no final de um poema, A Cura da Quebradeira, que demonstra suas constantes mudanças e o grande tino comercial: “Leandro Gomes de Barros, avisa que está morando em Areias, Recife, e que remeterá pelo correio todos os folhetos de suas produções que lhe sejam pedidos”.
Sua atividade poética o obriga a viajar bastante por aqueles sertões para divulgar e vender seus poemas e tal fato é comentado por seus contemporâneos João Martins de Ataíde e Francisco das Chagas Baptista.
Foi um dos poucos poetas populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, que foram centenas. Leandro versejou sobre todos os temas, sempre com muito senso de humor. Começou a escrever seus folhetos em 1889, conforme ele mesmo conta nesta sextilha de A Mulher Roubada, publicada no Recife em 1907.
Caboclo entroncado, de bigode espesso, alegre, bom contador de anedotas: este é o retrato que dele faz Câmara Cascudo em Vaqueiros e Cantadores. Casou-se com Venustiniana Eulália de Barros antes de 1889 e teve quatro filhos: Rachel Aleixo de Barros Lima, Erodildes (Didi), Julieta e Esaú Eloy, que seguiu a carreira militar tendo participado da Coluna Prestes e da Revolução de 1924.
De Leandro só possuímos fotos de meio-busto e uma de corpo inteiro, que colocava em seus folhetos para provar a autoria de seus versos; de sua família, o que ficou para a história foram os folhetos assinados com caligrafia caprichada, sobretudo os de Rachel.
Na crônica intitulada Leandro, O Poeta, publicada no Jornal do Brasil em 9 de setembro de 1976, Carlos Drummond de Andrade o chamou de “Príncipe dos Poetas” e assinala: “Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro”. E diz mais: “Leandro foi o grande consolador e animador de seus compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia, falando-lhes tanto do boi misterioso, filho da vaca feiticeira, que não era outro senão o demo, como do real e presente Antônio Silvino, êmulo de Lampião”.
Mas não foi só Drummond, nosso poeta maior, que reconheceria em Leandro a majestade dos versos. Em vida era tratado por seus colegas como o poeta do povo, o primeiro sem segundo (Athayde) e verdadeiro Catulo da Paixão cearense daqueles ásperos rincões (Gustavo Barroso).
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Com informações do Portal Culturas Populares do Ministério da Cultura.
Foto de capa: Rodrigo Ramos/Secult-PE.
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