Coco Irmãs Lopes e Boi Diamante são contemplados em prêmio do Ministério da Cultura


5ª edição do Prêmio Culturas Populares do Ministério da Cultura trouxe boas notícias para os fazedores de cultura de Arcoverde, no sertão pernambucano. O Samba de Coco Irmãs Lopes e o Boi Diamante tiveram os seus projetos contemplados e agora poderão tirar os sonhos do papel e colocar nas ruas e nos palcos.

Através do seu perfil no Facebook, o Coco Irmãs Lopes comemorou: "É grande a nossa felicidade! Nós do Samba de Coco Irmãs Lopes e nossa Mestra Severina, somos gratos por termos sido contemplados em mais uma iniciativa organizada pelo Ministério da Cultura. Prêmio Culturas Populares - In Memorian de Leandro Gomes de Barros. E pode avisar que tem coco e boi de Arcoverde premiados!".

Boi Diamante também foi contemplado com o Prêmio Culturas Populares.
(Foto: Amannda Oliveira).
O ator e idealizador do Boi Diamante, Wilton Freire, também comemorou a conquista na sua rede social. "O reconhecimento pelo trabalho vai chegando aos poucos, e dessa vez alcançamos mais uma conquista. Somos o único grupo de boi premiado em Pernambuco e na 50º colocação entre as 80 selecionadas, concorrendo com todo o brasil. Isso sim é gratificante, perceber que estamos evoluindo e dando continuidade à cultura da nossa cidade e se destacando no país por isso. Obrigado a todos que ajudam a construir essa historia de sucesso".

O prêmio - A 5ª edição do Prêmio Culturas Populares, promovido pela Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, vai premiar com R$ 10 mil 500 iniciativas de mestres, grupos/comunidades e instituições privadas que mantém vivo o patrimônio da cultura popular do país. O objetivo do Prêmio Leandro Gomes de Barros é estimular uma das nossas maiores riquezas, a cultura feita pelo povo do Brasil. O número de inscrições foi recorde, com 2.862 projetos concorrendo.

O que é Cultura Popular? - A Unesco define Cultura Popular como “o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural, fundadas na tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e que reconhecidamente respondem às expectativas da comunidade enquanto expressão de sua identidade cultural e social”.

Engloba folclore, cultura oral, cultura tradicional e cultura de massa. Entre manifestações da cultura popular brasileira já registradas – ou em processo de registro – como patrimônio imaterial pelo Iphan estão: Literatura de Cordel, Frevo, Bumba-meu-boi, Jongo, Fandango Caiçara, Tambor de Crioula, Congadas de Minas, Cocos do Nordeste e Marujada de São Benedito.

Arte de divulgação do prêmio tem desenho do homenageado Leandro Gomes de Barros.
(Imagem: Reprodução/ Portal Ministério da Cultura).
Homenageado - Neste ano o escolhido foi Leandro Gomes de Barros. Paraibano nascido em 19/11/1865, na Fazenda da Melancia, no Município de Pombal, é considerado o rei dos poetas populares do seu tempo. Foi educado pela família do Padre Vicente Xavier de Farias (1823-1907), proprietários da fazenda e dos quais era sobrinho por parte de mãe. Em companhia da família “adotiva”, mudou-se para a Vila do Teixeira, que se tornaria o berço da Literatura Popular nordestina, onde permaneceu até os 15 anos de idade tendo conhecido vários cantadores e poetas ilustres.

Do Teixeira vai para Pernambuco e fixa residência primeiramente em Jaboatão onde morou até 1906, depois em Vitória de Santo Antão e a partir de 1907 no Recife onde viveu de aluguel em vários endereços, imprimindo a maior parte de sua obra poética no próprio prelo ou em diversas tipografias. Vale a pena transcrever o aviso no final de um poema, A Cura da Quebradeira, que demonstra suas constantes mudanças e o grande tino comercial: “Leandro Gomes de Barros, avisa que está morando em Areias, Recife, e que remeterá pelo correio todos os folhetos de suas produções que lhe sejam pedidos”.

Sua atividade poética o obriga a viajar bastante por aqueles sertões para divulgar e vender seus poemas e tal fato é comentado por seus contemporâneos João Martins de Ataíde e Francisco das Chagas Baptista.

Foi um dos poucos poetas populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, que foram centenas. Leandro versejou sobre todos os temas, sempre com muito senso de humor. Começou a escrever seus folhetos em 1889, conforme ele mesmo conta nesta sextilha de A Mulher Roubada, publicada no Recife em 1907.

Caboclo entroncado, de bigode espesso, alegre, bom contador de anedotas: este é o retrato que dele faz Câmara Cascudo em Vaqueiros e Cantadores. Casou-se com Venustiniana Eulália de Barros antes de 1889 e teve quatro filhos: Rachel Aleixo de Barros Lima, Erodildes (Didi), Julieta e Esaú Eloy, que seguiu a carreira militar tendo participado da Coluna Prestes e da Revolução de 1924.

De Leandro só possuímos fotos de meio-busto e uma de corpo inteiro, que colocava em seus folhetos para provar a autoria de seus versos; de sua família, o que ficou para a história foram os folhetos assinados com caligrafia caprichada, sobretudo os de Rachel.

Na crônica intitulada Leandro, O Poeta, publicada no Jornal do Brasil em 9 de setembro de 1976, Carlos Drummond de Andrade o chamou de “Príncipe dos Poetas” e assinala: “Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro”. E diz mais: “Leandro foi o grande consolador e animador de seus compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia, falando-lhes tanto do boi misterioso, filho da vaca feiticeira, que não era outro senão o demo, como do real e presente Antônio Silvino, êmulo de Lampião”.

Mas não foi só Drummond, nosso poeta maior, que reconheceria em Leandro a majestade dos versos. Em vida era tratado por seus colegas como o poeta do povo, o primeiro sem segundo (Athayde) e verdadeiro Catulo da Paixão cearense daqueles ásperos rincões (Gustavo Barroso).

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Com informações do Portal Culturas Populares do Ministério da Cultura.
Foto de capa: Rodrigo Ramos/Secult-PE.

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